História da Pedagogia da Alternância

A pedagogia da Alternância não resultou de uma simples experiência na área da educação, realizada por universidades européias, norte-americanas ou brasileiras, foi desenvolvida por pesquisadores internacionais de renome com inúmeros colaboradores com o objetivo de colocar em prática uma nova teoria sobre a educação popular. O primeiro a colocar em prática a Alternância foi o Padre Abbér Granereau, pároco de uma pequena capela localizada num lugar chamado Serignal-Péboldol, no interior da França, que em 21 de novembro de 1935 fundou a primeira “Maison Familiale” ou Casa Familiar. Em 1942 já existiam cinco casas famílias em funcionamento na França, em 1945 este número saltou para vinte.

“A Casa Família, no sentido amplo, não é só o espaço físico onde se situa a EFA, mas também o espaço familiar/comunitário, porque os dois ambientes estão interligados. Portanto, o prédio, a casa da Escola Família é uma construção que em geral respeita os padrões arquitetônicos e socioculturais da maioria dos habitantes da região onde se situa.A casa da Escola Família, além de respeitar o meio sociocultural, busca ser coerente com aquelas necessidades básicas pedagógicas que qualquer escola deve ter. Nesse sentido, quem constrói a casa da Escola Família é a comunidade local. Na maioria das vezes, com mão-de-obra própria e através de bingos, rifas, mutirões, leilões de animais e outros produtos locais, doação de materiais e também recursos financeiros repassados pela Prefeitura ou pelo Estado, paróquias e até do exterior.Faz parte do complexo da EFA, uma pequena propriedade (de 2 a 20 hectares), o tamanho depende da região que se situa. Em parte esta propriedade é a extensão de terra que a família do aluno trabalha. O pequeno pedaço de terras da EFA observa as seguintes finalidades: a) produzir alimentos para a EFA, o excesso vai para o mercado: frutas, verduras, cereais, carnes (principalmente de pequenos animais), leite, etc, para ajudar o custeio da EFA; b) enriquecer o programa curricular da pedagogia da alternância, proporcionando aos alunos alguns momentos de observação direta de aspectos bio-físicos e técnicos” (Zamberlan, 1996 : 8).Esta modalidade de ensino não era com o intuito de formar alunos como nas escolas tradicionais, mas sim para fazer com que os filhos de lavradores e até mesmo os próprios lavradores desenvolvessem uma forma mais digna e lucrativa para a vida no campo. Estas Casas Familiares eram locais onde os lavradores e jovens discutiam técnicas, dividiam tarefas e planejavam ações que podiam ser executadas de forma fácil e objetiva para a melhoria de suas vidas. Ë bom lembrar que as Casas Familiares não tinham terras, era somente uma casa com um quintal onde se desenvolviam pequenas criações e horta e as atividades maiores como roças e plantios eram feitos nas propriedades dos alunos. Ainda hoje existem as Casas Familiares no mundo e principalmente no Brasil, casas estas que ainda preservam os mesmos princípios filosóficos e metodológicos das primeiras Casas. Foi constatada a necessidade de implantação nas comunidades rurais de uma educação que propiciasse:
“Uma formação geral que levasse o jovem a expandir seu campo de conhecimento a fim de possibilitar-lhe a ultrapassagem das suas preocupações técnicas e a situarem-se no espaço e no tempo. A proposta deveria discutir aspectos referentes à história das profissões agrícolas, através do tempo; geografia da França e do mundo; ciências direcionadas à profissão agrícola; noções de administração e gerenciamento necessárias ao exercício de funções administrativas não só na sua propriedade como em órgãos e instituições agrícolas;Uma formação humana sólida visando à formação de um profissional da agricultura responsável e o surgimento de líderes competentes. O professor além de ser competente deveria ser, também, um educador “(Mello Costa, 1997:6).
Essa nova experiência educacional Francesa tornou-se conhecida em outros países para muitos dos quais acabou por migrar. Inicialmente na Itália, no lugar chamado Soligo, região de Treviso em 1961. Na Itália foi denominada Scuola Della Famiglia Rurale. O Governo Italiano, por causa de suas leis, teve dificuldades em aceitar a proposta educacional da forma que era executada na França sem vinculo de formação formal escolar, por isso, a experiência na Itália tornou-se uma escola que utilizava o processo filosófico e metodológico da pedagogia da alternância, porém acrescidos de legalização escolar. A escola passou a ter uma propriedade para desenvolver atividades técnicas e ainda garantir parte do sustento dos alunos que lá estudam.
Posteriormente os dois modelos com o uso da Pedagogia da Alternância foram implantados nas cidades espanholas. Nesta tendência de expansão as Casas Famílias e Escolas Famílias, chegaram à África sendo implantadas inicialmente no Senegal. Em seguida expandiu-se pela América Latina, cada localidade escolhia o modelo que era mais cabível a sua realidade sóciopolítico e econômica da região.
O Brasil foi o pioneiro da Implantação deste Sistema na América Latina. A EFA, como foi camada no Brasil, foi implantada inicialmente no Estado do Espírito Santo, em 1968, em Olivânia no município de Anchieta trazida pelo religioso Jesuíta Pe. Umberto Pietrogrande. Este padre conjuntamente com os pioneiros Mário Zuliani, Sergio Zamberlan, Umberto Noventa, Dona Áurea, senhora Marcom, dona Cara, Francisco Guiust, e mais tarde João Martins, Idalgizo Moneque, José de Anchieta Pompeiyer, Francisco Calazani e outros tiveram árduo trabalho de articulação para a construção da primeira escola que funciona até hoje. O Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo – MEPES, fundado em 24 de abril de 1968, foi e é a ancora das Escolas Famílias no estado de Espírito Santo com escola de ensino fundamental. O curso técnico em agropecuária foi criado em 1976, na Escola Família de Olivânia.
MEPES foi e é uma organização que deu exemplo para que as outras EFA’s do Brasil fossem implantas. Através do MEPES o Brasil conheceu o movimento da Escola Família Agrícola.
No Maranhão em 1980 inicia-se a articulação da primeira Escola Família Agrícola liderada pelo Pe. Teodoro. Em 1984 foi fundada a primeira escola no Município de Poção de Pedras e mais tarde com apoio da Vice Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção, Frei Klaus Finkam, Ir. Celite Dalprá e os lavradores José Maria, Elias Magalhães, Bráulio, Tuti e outros fundaram as outras escolas deste Estado. De lá até hoje contamos com 20 Escolas Famílias em funcionamento filiadas a UAEFAMA - União das Escolas Famílias agrícolas do Maranhão fundada em junho de 1997.

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